Regimento Interno e
Normas Disciplinares
Regimento Interno e
Normas Disciplinares
Podcasts
As normas disciplinares e o regimento internos da escola, localizadas no arquivo permanente da escola, estão disponibilizados abaixo:
REGRAS E PENALIDADES PARA SERVIDORES
As regras e punições não eram exclusivas aos alunos. Os servidores também estavam sujeitos às normas da instituição.
Foram localizados no arquivo do IFC campus Concórdia, dois documentos que comprovam essa afirmação. A Portaria Nº 2/68 que regulava algumas normas aos funcionários e uma portaria emitida pelo Diretor do Ginásio, em 1967, aplicando a pena de suspensão por 5 dias à uma funcionária por ter cometido uma falta grave.
Os dois documentos estão disponibilizados abaixo:
TROTE NO GINÁSIO E NO COLÉGIO
AGRÍCOLA DE CONCÓRDIA
O trote é uma prática proveniente das universidades europeias e, de modo geral, caracterizado por ações violentas e humilhantes impostas aos chamados calouros. O Brasil importou esse hábito de recepcionar os novos alunos, inicialmente nas universidades, e após, nas demais instituições de ensino, e nos variados níveis educacionais.
No Ginásio Agrícola e no Colégio Agrícola algumas práticas eram realizadas para “receber” o novo aluno que chegava, sem a permissão ou conhecimento dos funcionários e da própria direção. Algumas dessas brincadeiras, como eram encaradas à época, são relembradas pelos ex-alunos, identificados de forma alfanumérica:
“Os calouros passavam por trotes. Nesses trotes um deles foi raspada a cabeça e passada graxa de sapato, outros foi raspar os pentelhos dos guris com o aparelho de gilette, tocar fogo com isqueiro, inclusive arrancar alguns. E por esse episódio foi mandado embora uns três a quatro alunos. Eles foram expulsos da escola.” E5
“É então assim de de pegar e depilar né os outros, né? Isso aí até teve alguns que foram expulsos do colégio por ter feito isso né? Uns dois, três. Mas no normal, banho de água fria, umas coisinhas assim né, mais tradicionais. Daqui a pouco tu tinha que passar no meio deles, e eles dando uns cascudo na tua cabeça, tem que passar correndo, se abaixando. Mas era assim no primeiro dia, um, dois dias, depois acabava tudo. Não tinha uma sequência” – E6
“Faziam. Eles faziam, mas não que o direção soubesse. Jogavam água na cama, traziam fezes de porco sujavam o cara faziam ele tomar banho. É coisa de colônia. Pensa em 66 (…) O que que tu pode imaginar? Tinha uns da cidade que eles não aguentavam nem uma semana. Meu Deus… chegou sábado (…) não voltava mais. Quantos que desistiram… ” – E1
“(…) entrava aluno novo, no meio do período, vamos dizer assim, no meio do ano, quando alguma turma já está estabilizada, né, entrosada, era traumático mesmo, entendeu? Assim como foi para nós quando nós entramos também. Os alunos que já estavam lá que eram os veteranos que tinham reprovado no no ano anterior, sabe? Cada turma tinha uma meia dúzia daqueles. Eles mandavam nós trabalha e eles ficavam Sentados lá na lavoura. E não raras vezes dava uns tapa na orelha dos cara aí : “vai trabalhar “. Os novatos tinham que trabalhar e os veteranos então se aproveitavam disso né? E assim era quando um aluno chegasse lá na metade do ano por exemplo né, novato no meio de uma .. de um grupo já, vamos dizer assim, entrosado, ele sofria né? O pessoal fazia trabalhar, sofria bullying, né? Enfim, o cara que aguentasse lá era bom mesmo” E4
“Sim, tinha, sim, sim. Conforme o trote do cara ele já saia com apelido né? E 90% pegava. Eu era muito, muito ruim pra isso, eu não era muito ligado pra colocar apelido. Talvez tenha colocado uma meia dúzia durante todos os anos né? Mas tinha uns especialistas, tinha uns caras que eram muito bons nisso. Eles olhavam a cara do sujeito e olha o Mutim, e olha o tal… e ia pegando cara, e pegava e ficava, né? O mais que pegava lá, que eu me lembro, era você trabalhar no meu lugar, por exemplo, entendeu? Era o meu dia de limpar os banheiros. Então tu fazia o cara ir la limpar, no teu lugar. Que era escala né? Ele ia lá, limpa o banheiro no teu lugar. Isso aí eu me lembro que nos fazíamos né? Ele faz o serviço no teu lugar…” E7
Para saber mais sobre trote em instituições de ensino agrícola, sugerimos uma tese de doutorado de Rosiane Maria da Silva, intitulada “Só Vencem os Fortes”: a barbárie do trote na educação agrícola, cujo link segue abaixo:
https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/7109/TeseRMS.pdf?sequence=1&isAllowed=y
NOTA SOBRE AS ENTREVISTAS:
Os áudios utilizados nos podcasts foram gravados nas casas e no local de trabalho dos entrevistados, com interferências sonoras dos ambientes. Os mesmos foram mantidos no seu formato original, na tentativa de manter a fidedignidade histórica, contribuindo inclusive, para a análise de pesquisas futuras.
Nas transcrições das entrevistas foram mantidas as falas originais com o objetivo de preservar aspectos socioculturais dos entrevistados, além de manter a fidedignidade histórica para possíveis pesquisas futuras.